Entao vamos la'...
Eu levei alguns minutos pra acreditar que eu realmente estava casando, quando a Sonia disse que podiamos entrar, e meu pai me acompanhou ate’ o meu padrasto, ainda nao me parecia verdade. E enquanto isso eu falava com Deus e dizia: obrigada, Paizinho, porque voce permitiu que isso acontecesse.
Como todo casamento, tivemos inumeros contratempos, chegar no Brasil parecia impossivel, errei a hora do voo (achei q fosse as 21h e era as 19h), voamos pro aeroporto com nossos 200kg de bagagem, overbooking, pequeno escandalo, confirmacao do embarque, alivio. No Brasil, mais contratempos, voo de fornecedor emitido com uma letra errada (toquei um “a” por um “o” e tive q comprar outro de ultima hora, valeu anac), tecido que nao tinha sido entregue ao estofador, correios prestando um deserviço gigantesco (quase fico sem os famosos barris), pequenos pepinos a serem resolvidos que se somavam a uma lista enorme de coisas a fazer.
Ai, voce se estressa, chora, se descabela, respira, começa a achar graça e corre atras de reorganizar tudo, conta com uma mae super disponivel, amigos bem dispostos e tudo parece ter soluçao.
Faltando 4 dias pro casamento, depois de muito soluçar por coisas “importantissimas”, recebemos uma ligaçao dos pais do Fe. Da cara de espanto do Fe, achei que tinha acontecido alguma coisa com a mae dele (apesar dela ter um quadro de saude estavel, passamos 2 anos entre medicos e hospitais com ela, que inclusive nao pode ir ao casamento), vi o Fe trocar de cor, ficar mudo e depois pronunciar baixinho: “
ma come la nonna”. Fe desligou e me contou que os pais tinha encontrado a nonna caida em casa naquela manha, que ela estava internada e corria risco de vida.
Meu mundo desabou. O do Fe nao ouso imaginar, se eu que nao sou neta, sou louca por ela, imagina o neto predileto? Apesar dos seus 90 anos, ninguem esperava que acontecesse alguma coisa com ela, a saude dela era melhor que a da familia inteira junta e ela sempre foi super independente (nunca aceitou ter ninguem em casa pra fazer compania, pra voces terem ideia do genio dessa jovem, nos tivemos que brigar pra ela aceitar ter uma faxineira -
e eu sonhando com uma).
Acontece que naquela semana, a temperatura estava muito alta, superior a 40 graus, a nonna deve ter se esforçado e faltou oxigenio no cerebro dela.
Fe nao quis comentar muito, ligavamos pra familia a cada hora pra ter noticias, sempre pouco confortantes. E’ tao ruim estar longe nessas horas, nao ter a certeza absoluta do que esta’ acontecendo, agente so’ podia acreditar nos que eles estavam falando (minha mae, por ex., é mestre em “me economizar”) e orar.
Passei a noite pensando na possibilidade de voltarmos pra Italia, de cancelar o casamento, orei muito pedindo a Deus para guardar a vida da nonna, pra nao fazer daquele dia de festa e bençao, um dia de choro, me lamentei perguntando porque Ele tinha me permitido chegar ate ali, ter organizar tudo, ter preparado tudo, eu bem sei que os planos Dele nao mais perfeitos que os meus, mas vamos combinar que ficava dificil de entender....
Na manha seguinte eu falei com o Fe que se ele quissesse agente poderia voltar pra Italia, que poderiamos desmarcar o casamento e ir ficar ao lado da nonna, è claro que eu ficaria triste, depois de tantos sonhos, planos, mais uma festa corria o risco de ser cancelada, mas que sentido tinha fazer um festa com o Fe naquele estado, os amigos entederiam, a CST continuaria la’… Acho que o Fe ficou “feliz” de ter ouvido isso, sei que ele nao teria coragem de frustar os meus sonhos, me abraçou e disse que naquela tarde ligaria para os medicos e para os pais e caso o estado ainda fosse critico, retornariamos.
[Nessa hora eu fico esgasgada, sem saber como contar, maravilhada com a bondade de Deus.]
Como combinado, ligamos para saber como ela estava. Estavam todos contentes porque ela tinha saido da “zona de risco”, um alivio, Fe pediu para passar o telefone pra ela (ele sempre pedia mas a ate entao a nonna nao respondia – ela teve a parte direita do corpo paralisado), depois o Fe me passou o telefone e chorando falei:
Nonna, è la Manu… sono felice di sapere che stai meglio… e ela:
“Ciao, Manuela”- essas foram as primeiras palavras da nonna, emitidas com uma certa dificuldade, depois do acidente
(sempre soube q eu tinha virado a neta preferida!ha!). Perguntei se ela lembrava do casamento e se podiamos nos casar antes de ir ficar com ela, se ela esperava agente… e ela disse: "
va bene". Depois falamos com os medicos para nos certificamos que realmente estava tudo sobre controle e com os tios, que estavam
enciumados surpresos com a nonna naquela tarde.
Desliguei o telefone, olhei pra minha mae e falei: agente casa! Agradeci a Deus e fomos preparar as lembrancinhas... ;)